Michelle Pfeiffer | Reprodução filme "Married to the Mob Wife"
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Confissões de uma mafiosa ofendida: “A nossa cultura não é a tua roupa”

Quando uma ex-mulher da Máfia se sente ofendida, a moda pode parecer criminosa.

É quase impossível não nos termos cruzado nos últimos tempos com o termo “Mob Wife”, agora reclamado no universo da moda para definir um estilo e uma tendência. Muitos dizem que este conceito que pinta a “mulher de um mafioso” com ouro, maquilhagem carregada e cabelos volumosos (re)nasce de um vídeo de TikTok, que recupera o estilo das mulheres que acompanhavam os maridos mafiosos em séries como Os Sopranos ou o filme O Padrinho. É e sempre foi uma questão de estilo. Mas também é um statement de poder que ultrapassa a fronteira do “bem-vestir” para um tema inesperado e controverso.

 

 

“Mob Wife” pode parecer apenas a ostentação de joias e de casacos de pele, mas, para alguns, quando este estilo é adotado pelas pessoas erradas, a apropriação cultural torna-se tema. Um pouco por toda a Internet, italo-americanos e até ex-mulheres da Máfia fazem-se ouvir: “A nossa cultura não é a tua roupa”.

“As mulheres 'brancas' estão a dizer que a estética clean girl dá agora lugar à estética mob wife. Deixem-me dizer-vos o que isso parece ou o que soa. Se não pertences à etnia dos Sopranos […] Se não és italiana, pareces só uma 'white trashy girl' de um traficante de droga. E deixa-me dizer-te o que isso parece… cabelo oxigenado das raízes até às pontas, a sair de um centro comercial em Las Vegas vestida com todas essas cores e peles falsas. Todas essas roupas são baratas e lixo”, confessa uma ex-mulher da Máfia no TikTok.

 

Assim sendo, quando o animal print e o veludo reinam o teu guarda-roupa podes estar a desmerecer um símbolo de uma cultura, a cultura do crime organizado… é preciso um minuto para assimilar isto…

 

De uma forma sucinta, sem parafrasear nenhuma vítima de um perpetrador estiloso, parece que ouvimos: “Como se atrevem a vestir como ‘mafiosas’ quando o crime não vos corre nas veias?”

Onde está o mecanismo de opressão de um look inspirado em Os Sopranos? E quem quer reivindicar o crime organizado como parte da sua cultura?  As coisas tornam-se mais complicadas se tivermos em consideração o óbvio. Sendo a apropriação cultural e o racismo temas que vivem entrelaçados, porque estamos a falar da Máfia?

Talvez a única forma de compreendermos todo este drama é sermos empáticos, afinal, os criminosos também têm sentimentos...

 

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