O desfile de Nuno Baltazar na ModaLisboa
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A Moda Nacional não é para consumir com moderação

Na ModaLisboa À LA CARTE serve-se criatividade em coleções doces, salgadas, ácidas e picantes. Estas são algumas das tendências que destacamos da Carta.

Neste regresso ao Pátio da Galé, centro histórico e criativo de Lisboa, e também o lugar onde se pensa o que é, e o que pode ser no futuro a Moda Nacional, a 61ª Lisboa Fashion Week tem como tema À LA CARTE. E sempre com fome de mais, os criadores nacionais são os Chefs do banquete de indulgências criativas que nos abrem o apetite para mais. Para mais Moda Nacional. E para consumir sem moderação.

Como ingrediente secreto para esta edição, Luís Buchinho trouxe uma mudança de paradigma no conceito da marca. Revelada através de silhuetas tranquilas e equilibradas, entre o masculino e o feminino, que envolvem o corpo em materiais suaves, confortáveis e 100% naturais como o algodão, linho ou seda. A tríade Corpo-Mente-Alma é revelada na sua plenitude em cores aguadas, marítimas e com um toque solarengo. Mas ligada também à paleta interna do criador, como o preto, branco, e os tons neutros.

 

Trabalhei durante muito tempo um lado um pouco mais sexy, mais sensusal, com silhuetas muito justas e que pediam moldes mais específicos. Com esta coleção quis silhuetas muito minimalistas, mas muito modeladas ao mesmo tempo, que pudessem ser vestidas por um amplitude de corpos bastante maior. Com uma sensação de tranquilidade, de leveza, com um efeito de frescura e facilidade no vestuário, inerente a todos os coordenados”. Luís Buchinho

 

Entre os produtos da estação primavera/verão 2024, Luís Buchinho apostou em soluções “muito total look, que podem ser usados com outras peças, mas podem ser um look integral perfeito” como explicou à VERSA. E nesta nova fase da marca, o capuz surge em várias criações.

 

O capuz tem a ver com retiros, com uma parte mais espiritual que é um tema que me interesa bastante, hoje em dia. Também transmite a ideia de que pode ser desportivo, mas tem ao mesmo tempo uma sensualidade tremenda, principalmente com a escala que lhes dou e a maneira como o tecido se comporta a voar à volta do corpo. Acho que cria uma moldura no rosto extremamente afirmativa” acrescenta Luís Buchinho.

 

E depois deste amuse bouche, a coleção I DON’T EAT BREAKFAST de Ricardo Andrez, fez-nos degustar as estéticas do início dos anos 2000. Nesta antologia, com uma abordagem contemporânea, Andrez trabalhou ideias maximalistas e hiperbólicas, inspiradas na diet culture e na dicotomia entre sofisticação e sensacionalismo. Vimos cor, muita. Vimos ganga, muita. More is More. Deixa-nos como sugestão o criador nacional, no prato, aliás no palco, desta edição da ModaLisboa.

 

Sem reserva, entrámos em ARCADE, uma espécie de espaço interior com máquinas de jogos onde a moeda é, precisamente, a moeda de troca para esse lugar criativo da DuarteHajime. Nesta coleção, a marca presta homenagem ao início do mundo dos videojogos, nos centros arcade, nos anos 70.

 

 

Num mundo em que a Inteligência Artificial é parte das nossas vidas, a DuarteHajime inspira-se nos jogos 8-bit e na estética dos pixéis. O resultado chega numa versão 2023 com silhuetas sem género, oversized, em algodão orgânico, ganga, polyester reciclado, lã, Bemberg™, redes de desporto e tecidos técnicos ReLiveTex®, em tons como azul, verde, menta, preto, branco e lava.

Mas uma ModaLisboa À LA CARTE, diz-nos também que a escolha entre tantos sabores complexos, pode ser FREESTYLE. O nome da coleção da ARNDES, e um convite a explorar a liberdade criativa no mundo da moda, sem limitações. As criações da marca que desfilaram nesta edição, sugerem um momento de autoexpressão, de exploração, de experimentação, com algumas transparências ou num vestido/casaco (que nos apaixonou...). O exercício é quase como um laboratório focado não só na estética, mas também em peças intemporais, num compromisso artístico com o luxo atemporal. Com tom suave e elegante, a coleção leva-nos também a entrar num mundo mais consciente e sustentável.

 

E neste desejo de consumir Moda Nacional, não faltámos ao BALLROOM de Nuno Baltazar, uma coleção com malhas de pailletes, estruturas secas em pontos tafetá, crepes georgette, dupion moirée e lãs frias. 

A coleção chama-se Ballroom e é um protesto, uma coleção-reação e uma apresentação que celebra a geografia criativa da Moda de Autor, enquanto subcultura da indústria da moda. Uma festa em que cada protagonista é convidado à construção da sua personagem, para uma narrativa visual que propõe a ideia utópica e fantasiosa de fazer emergir a Moda de Autor para os principais palcos da cultura portuguesa” Nuno Baltazar.

 

 

A MODALISBOA À LA CARTE, diz-nos que é para “Consumir com moderação”, mas nós dizemos que, quando a Carta só tem Moda Nacional, podemos sempre ceder à gula, e abusar.

Vê alguns dos melhores momentos destes desfiles na galeria.

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