Gravidez | Fotografia: Unsplash
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“Bebés Ozempic”: como medicamento para perder peso aumenta fertilidade

São vários os relatos de mulheres que descobriram estar grávidas após a toma de Ozempic, dando origem ao fenómeno “bebés Ozempic”. Um especialista explica à VERSA o que está em causa e quais os riscos.

O Ozempic continua a dar que falar e não é só pelos relatos de perda de peso ou pelas melhorias em casos de apneia do sono. Várias mulheres têm partilhado nas redes sociais casos de gravidezes inesperadas, o que já deu origem ao termo ‘bebés ozempic”.

Em entrevista à VERSA, João Sérgio Neves, endocrinologista e secretário-geral da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo (SPEDM), revelou que o semaglutido (nome do princípio ativo do Ozempic) “é um medicamento da classe dos agonistas do GLP-1 usado para tratar pessoas com diabetes tipo 2. Atua por múltiplos mecanismos promovendo uma redução do apetite, perda de peso e melhoria do controlo dos valores de glicemia”.

Para o especialista, a toma de Ozempic pode estar ligada a uma melhoria da fertilidade, o que pode explicar os casos de gravidezes não planeadas. “O semaglutido, tal como outras intervenções que levem a perda de peso significativa, podem levar a uma melhoria da fertilidade em mulheres com excesso de peso ou obesidade. Esta melhoria da fertilidade poderá explicar o aumento das gravidezes não planeadas”.

A perda de peso pode estar associada a um aumento de fertilidade, restaurando a ovulação normal em pessoas com dificuldades em engravidar. Apesar deste aumento da fertilidade, segundo João Sérgio Neve “o semaglutido, bem como os restantes agonistas do recetor do GLP-1, não devem ser usados durante a gravidez”.

Em causa está a ausência de estudos sobre o efeito da exposição precoce no feto à toma do medicamento, sendo aconselhado às mulheres que parem de tomar o medicamento “dois meses antes de tentarem engravidar, conforme indicado nas informações de prescrição”, referiu à CNN Jody Dushay, professor assistente na Harvard Medical School.

Apesar da elevada procura, em Portugal o medicamento apenas pode ser adquirido com receita médica e só está disponível para pacientes com diabetes tipo 2, ou seja, a diabetes associada à obesidade.

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Artigo de opinião de Eduardo Marino, jornalista.

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