O Ozempic continua a dar que falar e não é só pelos relatos de perda de peso ou pelas melhorias em casos de apneia do sono. Várias mulheres têm partilhado nas redes sociais casos de gravidezes inesperadas, o que já deu origem ao termo ‘bebés ozempic”.
Em entrevista à VERSA, João Sérgio Neves, endocrinologista e secretário-geral da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo (SPEDM), revelou que o semaglutido (nome do princípio ativo do Ozempic) “é um medicamento da classe dos agonistas do GLP-1 usado para tratar pessoas com diabetes tipo 2. Atua por múltiplos mecanismos promovendo uma redução do apetite, perda de peso e melhoria do controlo dos valores de glicemia”.
Para o especialista, a toma de Ozempic pode estar ligada a uma melhoria da fertilidade, o que pode explicar os casos de gravidezes não planeadas. “O semaglutido, tal como outras intervenções que levem a perda de peso significativa, podem levar a uma melhoria da fertilidade em mulheres com excesso de peso ou obesidade. Esta melhoria da fertilidade poderá explicar o aumento das gravidezes não planeadas”.
A perda de peso pode estar associada a um aumento de fertilidade, restaurando a ovulação normal em pessoas com dificuldades em engravidar. Apesar deste aumento da fertilidade, segundo João Sérgio Neve “o semaglutido, bem como os restantes agonistas do recetor do GLP-1, não devem ser usados durante a gravidez”.
Em causa está a ausência de estudos sobre o efeito da exposição precoce no feto à toma do medicamento, sendo aconselhado às mulheres que parem de tomar o medicamento “dois meses antes de tentarem engravidar, conforme indicado nas informações de prescrição”, referiu à CNN Jody Dushay, professor assistente na Harvard Medical School.
Apesar da elevada procura, em Portugal o medicamento apenas pode ser adquirido com receita médica e só está disponível para pacientes com diabetes tipo 2, ou seja, a diabetes associada à obesidade.