Especialista fala sobre os problemas ginecológicos mais comuns no verão
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Médica ginecologista sobre os problemas que podem arruinar as férias

São pouco falados, mas são vários os problemas ginecológicos comuns no verão. Num artigo de opinião, a médica de ginecologia-obstetricia Amélia Oliveira Pedro diz como prevenir e tratar.

O verão é a época das férias, das viagens, da praia e dos desportos ao ar livre. No entanto, para muitas mulheres, este período está também associado a muitos problemas ginecológicos desagradáveis, que são exacerbados pelo calor, a humidade, o suor, a praia, a piscina e o uso de roupa apertada. 

Amélia Oliveira Pedro, ginecologista-obstetra no Hospital CUF Cascais e no Hospital CUF Sintra

O uso prolongado de fato de banho torna a zona íntima feminina mais exposta e vulnerável a condições que, em geral, não representam um risco importante para a saúde, mas que causam muito desconforto numa altura em que queremos descansar e desfrutar do verão. Um fato de banho frio e húmido é um terreno fantástico para a proliferação de fungos. Nadar em piscinas ou águas estagnadas e com um elevado teor de cloro, podem afetar o pH natural da vagina e ser responsáveis pelo desenvolvimento de infeções. 

Estima-se que as inflamações e infeções aumentem 50% nesta época do ano 

As infeções sazonais mais comuns podem ser causadas por fungos, como a candidíase, uma vez que estes se desenvolvem em ambientes quentes e húmidos. Nos meses de verão, não só aumenta a temperatura exterior como também a temperatura da vagina o que, associado ao uso de fatos de banho molhados e frios ou de materiais não respiráveis aumenta, significativamente, o risco de desenvolver uma inflamação dos órgãos genitais externos ou infecções vaginais. Os sintomas vão desde uma simples irritação ou comichão até sensações de ardor e mesmo sensação de ardor ao urinar ou durante as relações sexuais. Pode também estar presente, vermelhidão, inflamação, dor, erupção cutânea e corrimento vaginal que habitualmente é espesso, branco e inodoro. 

Por outro lado, existem infecções causadas por bactérias como a vaginose. Partilha sintomas como comichão ou ardor ao urinar, mas difere dos outros tipos de infecções por ter um odor característico a “peixe podre” e um corrimento fino (branco, cinzento ou verde). 

O que podemos fazer para evitar estas situações? 

A primeira medida para evitar uma infeção por fungos é secar-se bem após o banho, mudar o fato de banho molhado e, em seguida, vestir uma roupa seca, de preferência de um material leve e respirável, como o algodão. As fibras sintéticas não absorvem, pelo que ajudam a manter a humidade. Deve, por isso, ser evitado o uso de roupa íntima apertada e sintética e todo o tipo de vestuário que retenha o calor e a humidade. 

Os pensos e absorventes vaginais devem ser trocados com regularidade. O tampão não actua como uma barreira e pode também transferir agentes patogénicos para a vagina. 

Também é importante cuidar da higiene íntima, utilizando produtos específicos para a zona, sobretudo quando as altas temperaturas provocam um aumento da transpiração. É muito importante secar corretamente a pele. No entanto, deve-se evitar a lavagem excessiva. 

Não devem ser utilizados produtos perfumados inadequados para a higiene íntima (sprays, gel de banho ou sabonetes). O uso de papel higiénico perfumado ou com cores também é desaconselhado. Qualquer gel ou sabonete pode alterar o pH natural da vagina, favorecendo a proliferação de fungos e bactérias. O excesso de higiene pode, paradoxalmente, causar mais danos do que benefícios ao impedir que o fluxo normal e a microflora actuem como mecanismo de defesa e limpeza da zona. 

Igualmente importante é manter uma dieta equilibrada e evitar o consumo excessivo de doces e bebidas alcoólicas. 

É preciso não esquecer outras condicionantes que aumentam o risco de desenvolvimento de infeções e fungos, como a higiene deficiente, relações sexuais pouco higiénicas, alterações hormonais (associadas à contraceção ou gravidez), uso de antibióticos (especialmente penicilina e derivados), sistema imunitário enfraquecido e o stress. 

Quando procurar ajuda? 

Se a mulher tiver algum desconforto ou algum dos sintomas acima mencionados, deve consultar um médico que possa confirmar se tem uma infeção ou qualquer outro tipo de problema. A auto-medicação ou os remédios "caseiros" não são recomendados. 

O seu ginecologista efectuará um exame clínico que, normalmente, inclui a colheita de exsudado vaginal, que é depois enviado para estudo microbiológico. Se for detectada uma flora vaginal patogénica, será recomendado um tratamento especial em função da sensibilidade do agente patogénico. 

Mesmo quando estas condições não representam um risco maior, a auto-medicação pode ter consequências importantes, quer por reacções adversas, quer por interacções que se podem desenvolver com outros medicamentos que esteja a tomar. Felizmente, este tipos de infecções podem ser tratados, mas, especialmente no verão, a prevenção é fundamental.

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