Nas várias palavras que ajudam a caracterizar Portugal, a cerâmica é uma delas, na qual se inclui o azulejo português e peças das prestigiadas marcas Vista Alegre e Bordallo Pinheiro. E é precisamente neste país à beira-mar que tanto usa este material vindo da terra que só faria sentido nascer um projeto de cerâmica chamado terr.a.mar.
Suzana Barros de Brito é a fundadora, e além de licenciada em Peritagem de Arte, mestre em Marketing Estratégico e de ser CEO do restaurante Tágide e Tagide Wine &Gastro bar, no Chiado, em Lisboa, é também apaixonada pelo barro desde os 15 anos, quando pintou azulejos num curso de verão, paixão que se mantém até hoje.
“A cerâmica é muito terapêutica. Com os anos atribulados da COVID-19, tive necessidade de criar e a cerâmica permitiu-me expandir e traduzir em peças a minha criatividade. Acrescendo o facto de que quando se trabalha o barro ‘o mundo para’, daí esta questão terapêutica associada à cerâmica”, descreve Suzana.
Tudo começou com um difícil vaso com folhas amovíveis, que hoje a fundadora lembra com carinho.
“Tinha pouca experiência, mas muita vontade. Tive vários desafios ao nível do barro que estava a trabalhar, da forma, dos vidrados... mas no final o resultado foi muito gratificante. Ainda hoje olho para esta peça e fico surpreendida com a minha coragem”, diz à Versa sobre o vaso que decora a Casa Margô Lagos, no Algarve.
A terra, o mar e os filhos
Mais do que o nome de uma marca que fica no ouvido, o nome terr.a.mar foi pensado para abarcar tudo o que dela faz parte, desde os materiais a quem os trabalha.
“Sou apaixonada pelo mar. Vivemos numa Era de grande consciencialização pelo planeta e é urgente amar e respeitar onde vivemos”, começa por dizer. “A matéria da cerâmica vem da terra e juntei a minha paixão pela terra (barro) e o mar e surgiu o nome. A ideia era também ligar o nome ao facto de ser mãe e relacionar isso com a importância das mulheres no mundo e o que nos liga à Mãe Natureza”, explica.
Letra a letra, é então fácil perceber a junção desta paixão pela terra, pelo mar, e pelos três filhos de Suzana, representados nas iniciais t.a.m: Tomás, António e Mafalda.
Todos estes elementos deram força a Suzana para construir cada peça do projeto, que inclui peças decorativas, utilitárias (muitas utilizadas nos restaurantes) e ainda bijuteria.
Várias das suas criações andam em casas de portugueses, hotéis e restaurantes nacionais, sendo um deles o Tágide, no qual não podiam faltar estar pratos de servir e de amuse-bouche, taças para manteiga ou azeite e diferentes jarras feitas pela CEO. Mas Suzana acredita que a sua cerâmica vai chegar ainda mais longe. “Portugal tem uma grande tradição em cerâmica, que é muito apreciada pelo mundo. Daí fazer sentido levar a terr.a.mar além fronteiras”, acredita.
A corrente deste mar dirá até onde vão as peças do projeto. "Posso ter uma ideia, mas enquanto trabalho o barro vão surgindo outras. Costumo dizer que a cerâmica manda em mim...”, brinca.