Bar de cocktails 18.68
Gourmet

Este bar de cocktails é perigoso de bom

O Bairro Alto Hotel abriu um novíssimo bar de cocktails no antigo quartel de bombeiros no coração do Chiado. No menú do 18.68 não falta nada, nem comida óptima para acompanhar.

Consta que é o quartel de bombeiros mais antigo do país, e que se mantêm ali mesmo ao lado deste novo bar 18.68. Nascido em 1868, era então a Real Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Lisboa e foi fundada pelo maestro Guilherme Cossoul com outras personalidades, entre vereadores da câmara, artistas, cientistas, comerciantes e aristocratas – os lisboetas chamou-lhe “Bomba dos Fidalgos”.

Hoje o 18.86 presta-lhes homenagem num espaço lindo e cheio de pequenos prazeres. Na mesma linha clássica do remodelado hotel do Bairro Alto, este bar é uma sala cheia de luz que só evidencia os seus tectos altos, as cores ricas das paredes e os belos tampos em lioz, da bancada e mesas. Também ele parece um bar de outros tempos, e assim vai permanecer por outro tanto.

A lista é vasta e percebe-se que foi pensada com muita experiência e dedicação, que Tiago Santos, o responsável pelo bar, apresenta orgulhosamente à Versa. São cerca de 18 cocktails, 15 de autor, e o resto são clássicos incontornáveis. Está dividida por três momentos: os maçaricos, para começar, os sota, para harmonizar com as comidas (sota é o nome que se dava aos bombeiros quando eles passavam a ser assalariados) e os rescaldo, para a saída, por isso mais à base de vermute, gin, whisky, medronho ou rum.

Ao todo, isso significam bebidas pensadas a partir de 68 referências. Só para ter uma ideia. “Esta carta pode mudar para semana”, diz-nos Tiago para nos espantar ainda mais. “Quer dizer, vamos mudando sempre com novas propostas. Este é um espaço muito aberto à criatividade e à mudança.” A acompanhar, finger food para partilhar, com um toque de inspiração japonesa pensada pelo chef Bruno Rocha, a partir dos cocktails. Uma delícia. “A ideia é ser um menu descontraído”, diz-nos o chef. E é verdade, descontraído e sofisticado.

A Versa provou alguns cocktails, um muito herbal e curioso, à base de Martini Cinzano 1757, com aroma a cedro e servido com vegetais crus e labneh. Depois aventurámo-nos num Beirão de Honra com limão (ao qual juntaram um aroma de manteiga líquida) que, segundo Tiago, “se bebe muito no Bairro Alto”, por isso ele quis usá-lo aqui, ao qual juntou amaro e soda de chá branco, um sabor envolvente e bem disposto que o seu criador descreve como uma “homenagem líquida aos bombeiros” e recorda-nos que todos os ingredientes que usa são portugueses. O rissol de carabineiro que propuseram como par ainda evidenciava mais as suas qualidades.

Seguiu-se um mais amadeirado à base de whisky Dewars, Porto, Madeira, Lúpulo e trigo sarraceno, que normalmente é acompanhado com uma tartelete de leitão à Bairrada, “para quem gosta de pimenta e sabores fortes”, diz-nos o chef, mas a Versa preferiu a saborosa tosta de salmonete, curado e braseado com funcho e laranja e desconfia que ficou melhor servida. “Aqui a cozinha acompanha os cocktails e não o contrário”, diz Tiago num sorriso de humor nada ciumento.

Antes sair ainda bebemos um gin The Botanist com limoncello de tangerina, amêndoa e cardamomo, muito muito bom, e que só ficou melhor com o pratinho de barriga de atum, cuja gordura equilibra muito bem os sabores. Também existem na lista carnes curadas e queijos, como o de Azeitao gratinado com alfacinhas e pickles, ou o São Jorge 24 meses com pólen de mel e citrinos. E quando voltarmos vamos querer experimentar mais e mais. Apesar dos cocktails não serem muito alcoólicos, são tão bons que tornam este bar num perigo ou, como dizem os nossos irmãos brasileiros, num pedaço de mau caminho.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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