Quantas vezes recorremos ao Doutor Google em vez de um médico ou especialista para encontrar a solução para um problema de saúde? Podemos até encontrar uma resposta, mas até que ponto é o que realmente devemos fazer para melhorar uma doença, inflamação ou até a nossa alimentação?
A pensar em várias situações em que precisamos de ajuda, a Versa pediu a uma nutricionista para esclarecer como atuar perante problemas que frequentemente acontecem no dia a dia. E desengane-se quem pensa que devemos evitar os doces só porque o açúcar é viciante ou que tomar vitamina C vai impedir uma gripe.
Ponto por ponto, toma nota dos conselhos da nutricionista Isabel Pedroso Silva porque, como se costuma dizer, mais vale prevenir do que remediar.
Obstipação: aumentar a dose de fibra?
Quando existe obstipação (prisão de ventre) é crucial aumentar a fibra, que deve ser bem distribuída ao longo das refeições, bem como aumentar a ingestão de água.
Contudo, se o aumento da fibra for abrupto, os sintomas podem piorar. Assim, queremos aumentar gradualmente (para quem não tem uma alimentação rica em alimentos in natura, sugiro aumentá-los numa refeição do dia e, passados alguns dias, passar a duas refeições do dia, e assim sucessivamente).
A linhaça moída e o psyllium podem ser opções excelentes para aumentar o teor de fibra, dependendo dos casos. As ameixas secas funcionam como laxantes naturais, contudo, devem ser usadas em SOS, garantindo que a água e as refeições com bom aporte de fibra já estão a ser feitas.
Problemas de digestão: podemos tomar chás ou comprimidos?
Chás digestivos: beber uma infusão quente pode, sem dúvida, ajudar a aliviar os sintomas, mas não é uma solução a longo prazo. Apesar da evidência ser pouca, já temos alguns estudos sobre os benefícios da infusão de hortelã no inchaço, a erva doce na digestão, a cúrcuma como anti inflamatório que pode ser útil para pessoas com síndrome do intestino irritável e a camomila, que é um remédio natural há anos, podendo ajudar em crises de flatulência.
Chás diuréticos: podem contribuir para a desidratação, logo também não são aconselhados, uma vez que queremos aumentar a fibra e a água no nosso dia a dia.
Não se aconselham comprimidos de forma contínua, pois não estamos a agir na causa raiz, estamos apenas a calar os sintomas. Calando os sintomas, não alterando nada nas rotinas diárias, eventualmente os níveis inflamatórios poderão aumentar cada vez mais até surgirem patologias.
Desejo alimentar: ceder ou recorrer a alternativas mais saudáveis?
Depende do contexto e da semana da pessoa. Já existiram demasiadas exceções nessa semana? Como está o aporte de hortícolas e fruta no meu dia (todos os dias)? Como está o aporte de fibra e de proteínas? Em ambas as situações, preza-se o equilíbrio, não devendo nenhum padrão alimentar ser restritivo. Quanto mais restritivo, maior a probabilidade de ativarmos a voz rebelde do "perdido por 100, perdido por 1000".
Lembrando que o desejo por doce tem várias causas. As pessoas não se viciam no açúcar, mas no prazer. Comer menos alimentos industrializados e escolher mais alimentos in natura, ajuda no consumo de menos açúcar. Temos é de ultrapassar a dificuldade dos primeiros dias.
Além disso, a microbiota intestinal pode ter um impacto nestes desejos… Quanto menos diversa, mais probabilidade de querermos alimentos processados e mais palatáveis.
Pico de fome: comer fruta ou esperar até à próxima refeição?
Se existe fome entre refeições principais, é sempre aconselhado parar por uns minutos, sentar e fazer um lanche nutritivo, juntando, por exemplo, uma fruta ou algumas tostas simples a um iogurte ou a frutos gordos, como amêndoas, nozes, cajus. O objetivo é ser suficientemente saciante até à próxima refeição completa.
Gripe: as laranjas ajudam na recuperação?
Falso. Comer alimentos ricos em vitamina C (como laranja, pimento bermelho, brócolos, kiwis, morangos) é excelente para o corpo e para a saúde em geral. Mas tomar vitamina C não vai impedir de ter uma gripe.
Agora, pode ajudar a que os sintomas não sejam tão graves. Mas tomar vitamina C quando já estamos doentes, não vai afetar a duração nem a intensidade dos sintomas.