Os testes genéticos desempenham um papel fundamental na medicina antienvelhecimento, também conhecida como medicina do envelhecimento saudável. Ajudam a compreender a predisposição genética de um indivíduo em relação ao envelhecimento e às doenças relacionadas com a idade, permitindo um planeamento personalizado de intervenções preventivas e terapêuticas.
Ao analisar um perfil genético, é possível identificar marcadores específicos que indicam um maior risco para certas condições. Com essas informações, são desenvolvidas estratégias de prevenção e intervenção precoces, adaptadas às características genéticas de cada pessoa. Isso pode incluir alterações no estilo de vida, suplementação de nutrientes específicos, terapias hormonais e tratamentos personalizados.
Os avanços na tecnologia genética tornaram os testes genéticos mais acessíveis e detalhados
Os testes genéticos têm a capacidade de identificar variantes genéticas associadas a um maior risco de desenvolver doenças relacionadas ao envelhecimento, como doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, cancros, doenças neurodegenerativas, osteoporose, entre outras. Essas variáveis podem influenciar o metabolismo, a resposta inflamatória, a reparação do ADN e o envelhecimento celular. Além disso, podem ajudar a otimizar a resposta individual a medicamentos, permitindo a escolha de tratamentos mais eficazes e reduzindo os efeitos colaterais.
Esta abordagem personalizada é particularmente relevante na medicina antienvelhecimento, uma vez que as pessoas respondem de maneiras diferentes aos tratamentos e intervenções com base na sua constituição genética.
Hoje em dia é possível analisar um grande número de variantes genéticas relevantes para o envelhecimento saudável com um único teste
Os avanços na tecnologia genética tornaram os testes genéticos mais acessíveis e detalhados. Hoje em dia, é possível analisar um grande número de variantes genéticas relevantes para o envelhecimento saudável com um único teste. Essas informações genéticas podem ser integradas com outros dados clínicos, como histórico médico, estilo de vida e biomarcadores, para oferecer uma abordagem mais completa e precisa. Mara Fragomeni dá dois exemplos.
"O teste Telotest mede os telómeros, as extremidades dos cromossomas que protegem o material genético que eles transportam, e que encurtam com a idade. Quando isso ocorre mais rapidamente envelhecemos mais rapidamente. Então, este teste verifica se o teu envelhecimento está compatível com a tua idade", explica.
"Outro exemplo é o teste farmacogenético que estuda a nossa predisposição a fármacos. Graças a este teste ADN, podemos determinar a predisposição a um fármaco que seja tóxico para nós ou simplesmente ineficaz. Já o teste genético Nutrigen também muito útil. É um teste de nutrigenética que analisa os genes e o modo como eles reagem à nutrição. A análise revela quais os genes que são influenciados pela nossa nutrição", acrescenta.
Entre muitos outros testes, os mais utilizados são:
Alergia - predisposição a alergia a que tipo de substâncias;
BRCA1 e BRCA2 - predisposição ao cancro da mama;
Cardiovascular - contempla uma investigação genética sobre diversos aspetos que influenciam nas doenças cardiovasculares;
Doenças autoimunes - avaliação de alterações genéticas que podem levar ao desenvolvimento de inúmeras doenças do sistema imunológico, contribuindo para um diagnóstico e tratamento precoce;
Doenças degenerativas - avalia diversas alterações genéticas que podem levar ao desenvolvimento de inúmeras doenças do sistema nervoso, contribuindo para um diagnóstico precoce, aumentando o índice de qualidade de vida dos pacientes.
Endócrino metabólico - avalia diversas alterações genéticas que podem levar ao desenvolvimento de inúmeras doenças do sistema endócrino;
Envelhecimento saudável - contempla uma investigação genética sobre diversos aspetos que influenciam o bem estar dos pacientes;
Estética facial - informa sobre alterações genéticas que possibilitem acesso à tratamentos e prevenção de patologias relacionadas com a pele e cabelos;
Painel fertilidade feminina e masculina - contempla uma investigação genética sobre diversos aspetos que influenciam a fertilidade feminina e a masculina;
Físico e desporto - visa informar como os genes podem afetar características pessoais, suscetibilidade ao desporto, sistema muscular, sono, peso, sistema hematologia, hormonas, necessidades nutricionais, vitaminas, antioxidantes, suplementos, ácidos graxos, cardio e cérebro vascular, sistema esquelético, desordens metabólicas, dores, alergias e inflamações;
Inflamações - avalia diversas predisposições genéticas que desencadeiam alterações metabólicas crónicas contribuindo para um diagnóstico precoce, aumentando em muito o índice de cura, prevenção e qualidade de vida dos pacientes;
Microbiano - avalia a suscetibilidade genética do indivíduo de adquirir bactérias gastrointestinais patogénicas (capazes de gerar doença e que também podem dificultar a proliferação de bactérias benéficas), e também avalia geneticamente a composição da microbiana do indivíduo, auxiliando na reposição da microbiota, caso seja necessário;
Nefrologia - contempla uma investigação genética sobre diversos aspetos que influenciam nas doenças neurológicas;
Neoplasia - avalia diversas alterações genéticas que podem levar ao desenvolvimento de inúmeras neoplasias e cancros
Nutrição personalizada - visa identificar predisposições a condições clínicas específicas, comuns ou hereditárias, dando ferramentas necessárias para tomar as melhores decisões em relação à dieta personalizada, visando atender às necessidades específicas de cada indivíduo;
Saúde da mulher e do homem - visa identificar predisposições a condições clínicas específicas, comuns ou hereditárias femininas e masculinas;
Saúde mental - avalia diversas predisposições genéticas que desencadeiam alterações psicológicas, comportamentais e emocionais;
Skin dermatológico - visa informar alterações genéticas que possibilitem acesso à tratamentos e prevenção de patologias relacionadas com a pele, unhas e cabelos, inclusive cancro de pele.
No entanto, é importante ter noção de que os testes genéticos na medicina antienvelhecimento não são uma panaceia e devem ser interpretados com cautela, alerta Marta Fragomeni.
A genética é apenas um fator entre muitos que influenciam o envelhecimento e a saúde geral de um indivíduo. Fatores ambientais, estilo de vida, dieta e outros elementos também desempenham papéis importantes.
Portanto, a integração de informações genéticas com uma abordagem holística e individualizada é fundamental para obter os melhores resultados na medicina antienvelhecimento.