As cirurgias de aumento mamário têm vindo a ser cada vez mais procuradas, sendo que só entre 2014 e 2018 a procura cresceu em 40% em todo o mundo. No entanto, isto não significa que se tratem somente de procedimentos estéticos, nem que todos se refiram a colocação de silicone.
Para nos tirar todas as dúvidas sobre mamoplastia de aumento, falámos com Ana Silva Guerra, especialista em cirurgia plástica reconstrutiva e estética.
Que tipos de mamoplastia de aumento existem?
Existem 3 tipos de mamoplastia de aumento:
- Aumento mamário com recurso a implante de silicone – o mais conhecido, o mais vulgar,
- Aumento mamário com recurso a gordura da própria paciente – o menos conhecido, indicado para as mulheres que têm capital adiposo suficiente para que este possa ser feito e que tenham já alguma elasticidade no tecido mamário para que haja “espaço” para a gordura
- Aumento mamário híbrido – neste caso vamos utilizar um implante mamário e em simultâneo a gordura da própria doente. É comum este procedimento quando queremos “disfarçar” o limite superior e interno do implante ou quando o objetivo pretendido não se consegue alcançar somente com o transplante de gordura e é necessária a ajuda do implante mamário para conferir alguma firmeza e projeção à mama.
Quanto anos dura?
Se pensarmos no aumento mamário autólogo, isto é, no que é realizado somente à custa da gordura da paciente, dizemos que dura para sempre! Uma vez estabilizada a percentagem de gordura que sobreviveu depois da cirurgia, esta vive para sempre na mama da mulher, se ela aumentar de peso, a mama aumenta de volume, se emagrecer, o inverso também acontece.
Ressonância magnética mamária. Este é o exame de eleição para avaliar a “saúde” do implante mamário
Quando falamos do implante mamário já não é assim. Tal como qualquer corpo estranho que coloquemos no corpo, o implante tem uma “vida limitada” que vai depender da interação estabelecida entre o mesmo e o corpo da mulher. Quantos anos serão? Não sabemos ao certo e cada caso é individual, mas sabemos que a partir dos 10 anos de cirurgia o implante deve ser vigiado mais de perto, com a ressonância magnética mamária. Este é o exame de eleição para avaliar a “saúde” do implante mamário.
Quem pode fazer e quem não pode fazer?
Mulheres com mais de 18 anos, que pretendem corrigir uma assimetria mamária, preencher o volume mamário perdido após gravidez ou emagrecimento significativo têm indicação para a mamoplastia de aumento.
Quando estamos perante instabilidade psicológica ou uma dismorfia corporal o aumento mamário é contraindicado pois em nada vai contribuir para a resolução do problema. Uma mulher com uma doença sistémica grave, doença do colagénio ou com doença mamária também não é candidata.
Acima de tudo, esta é uma intervenção que a mulher deve fazer para ela e por ela
Acima de tudo, esta é uma intervenção que a mulher deve fazer para ela e por ela. Tentativas de salvar uma relação, um casamento, nunca devem ser um motivo para esta cirurgia. Por outro lado, se a mulher entende que não está satisfeita com a firmeza da mama, o tamanho ou a forma e que se sentirá mais confiante e segura se resolver esta questão, então a mamoplastia de aumento é o indicado e trará certamente, resultados muito gratificantes.
Quanto tempo demora a recuperação da mamoplastia de aumento?
Costumo dizer que a primeira semana é sempre a mais sensível e que na segunda, já quase nos esquecemos que a cirurgia aconteceu. Por isso pensemos em 8 a 10 dias de recuperação.
Que precauções devem ser tomadas após esta cirurgia?
Esta cirurgia não deve fazer a mulher descurar o rastreio mamário nas alturas indicadas. Não é pela presença do implante que a mama deve ser tratada de forma diferente.
No imediato, é importante o cuidado com o exercício físico que deve ser retomado gradualmente entre a 6 e as 8 semanas depois da intervenção. A cicatriz, que tem, normalmente 4,5 cm deve ser massajada com um gel de silicone, depois dos 15 dias da intervenção e não pode apanhar sol no primeiro ano de pós-operatório. Para que o implante não contribua para acentuar a flacidez da mama, devido ao seu tamanho e peso, é indicado usar um sutiã reforçado na prática desportiva.
Esta cirurgia não deve fazer a mulher descurar o rastreio mamário nas alturas indicadas
Por fim, é importante dizer que, atualmente, as técnicas anestésicas mais modernas (que conciliam a anestesia local ou loco-regional com a sedação) permitem uma recuperação com total mobilidade dos braços. A mulher já não fica limitada nas suas atividades diárias em dia nenhum, podendo fazer tudo ( menos levantar pesos) no momento seguinte à cirurgia.
Quanto pode custar uma mamoplastia de aumento?
Os preços no mercado variam amplamente. O que considero ser de extrema importância e que, acaba por elevar a fasquia do orçamento, é a segurança e a qualidade com que a cirurgia se realiza.
É uma intervenção com duração curta (uma hora, sensivelmente) e realizada em regime ambulatorial, ou seja, sem necessidade de internamento, porém deve ser acontecer num bloco operatório com todas as condições de segurança e de assépsia, no seio de uma equipa treinada constituída por cirurgiões plásticos, anestesista e enfermeiros.
A qualidade dos implantes é outro ponto crucial, no meu entender. São múltiplas as marcas que existem no mercado, mas são poucas as que acumulam mais de 20 anos de experiência e que já mostraram o seu valor e perfil de segurança e são essas, poucas, que eu seleciono.