São peças distintas, que recorrem a diferentes técnicas e suportes, mas que têm algo em comum: a visão interligada do artista sobre os pontos de partida do processo criativo. É esta a premissa de Papier & Terre Mêllée, uma exposição de Victor Marqué, patente na Ojo Gallery, em Lisboa, uma galeria de arte que dá palco a artistas com ligações ao artesanato, cerâmica e design de raízes nacionais.
Com curadoria de Marie de Carvalho, fundadora do espaço, a exposição de Victor Márque, artista francês sediado no Porto, explora as possibilidades que os vários meios concedem. “Uma gravação rápida num azulejo de cerâmica pode levar-me a uma composição para uma escultura que, eventualmente, poderá incitar a um trabalho em tela de meses e meses. Trabalhar em diferentes médiuns permite-me ter sempre dezenas de peças em curso”, lê-se num comunicado enviado às redações.
As referências arquitetónicas são evidentes, uma evolução que começou em 2011 quando ainda estudava arquitetura. Fazendo uso de ferramentas de representação da disciplina, como secções, axonometria e desenhos em planta, Victor brincava com a ideia de geometria e a sua desconstrução. Chegou ao Porto em 2017, onde ainda vive e trabalha, para prosseguir a sua pesquisa neste campo, mas sempre com a ideia de expandir os horizontes artísticos, um universo fictício composto, por exemplo, de quimeras – neste caso, metade animal, metade edifício – com influência de ruínas arquitetónicas de outras eras, fragmentos de peças em cerâmica expostas em museus arqueológicos ou até têxteis antigos com padrões geométricos e pigmentos únicos. “Inspira-me tudo o que é feito à mão e com paixão”, pode ler-se ainda.
Papier & Terre Mêllée reúne assim desenhos, telas e esculturas cerâmicas com peças mais utilitárias, como apliques, puxadores de portas ou azulejos, todos concebidos propositadamente para esta exposição.
A Ojo Gallery está localizada no número 9 da Rua de São Bernardo, na Estrela, em Lisboa, e as visitas podem ser efetuadas por marcação.