Não é só no banho que pensamos na vida e por vezes de forma tão criativa que temos de anotar tudo. Numa ida à casa de banho também podemos ser levados a refletir. Se no dia a dia o fazemos de forma instintiva, no centro de Roma, em Itália, somos desafiados a fazê-lo através da arte.
Sim, da arte. Tal como a Fountain (Fonte), o urinol de Marcel Duchamp que está entre as mais icónicas peças do dadaísmo, também uma casa de banho com tudo o que lhe pertence (sanita, lavatório e papel higiénico) pode ser considerada arte, neste caso uma representação da criatividade contemporânea.
A estrutura de que falamos está instalada na praça contígua ao MAXXI, o primeiro museu nacional dedicado à criatividade contemporânea, e é uma obra da artista Monica Bonvicini. O que torna esta casa banho cúbica particularmente interessante é a vulnerabilibidade a que (aparentemente) nos sujeita. Completamente espelhada por fora, refletindo tudo a ser redor, serve de janela a quem está dentro, com uma visão 360º sobre o que se passa para lá das paredes.
Don’t Miss a Sec’, o nome da obra criada em 2004, está agora no bairro Flaminio para ser admirada e para nos deixar a pensar. "O trabalho é um convite para nos questionarmos sobre a fronteira entre o privado e o público, para questionar os limites da nossa intimidade numa sociedade na qual é necessário 'ver e ser visto' e não 'perder um segundo'", esclarece o museu em comunicado.
No fundo, é uma reflexão sobre o mundo em que vivemos, sobre a liberdade e a privacidade através algo tão simples e comum a todos: uma ida a uma casa de banho. Tal como o bom funcionamento do intestino é fundamental à saúde e bem-estar, o acesso à arte é fundamental para a mente e depois de uma visita (grátis) a esta casa de banho em Roma, ninguém vai sair o mesmo.