As alterações climáticas têm efeitos no nosso dia a dia e se a humanidade já sofre com o calor ou frio extremo, o mesmo acontece com a vinicultura. E é precisamente nesta área que acaba de ser lançado um alerta.
De acordo com um estudo publicado no jornal científico iScience, a chamada viticultura heróica, isto é, uma tradição secular de cultivo praticada em áreas inacessíveis, mas que resulta em vinhos de qualidade superior, pode estar em risco nos próximos anos.
Falamos das culturas que dão origem aos famosos vinhos das Colinas Prosecco de Conegliano e Valdobbiadene (Património Mundial da UNESCO), aos vinhos italianos com a denominação de origem SOAVE, aos das vinhas tradicionais da ilha italiana de Pantelleria (vinhas Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO), os das ilhas Canárias e os da região portuguesa do Alto Douro, onde é produzido o vinho do Porto.
O futuro deste nosso famoso vinho pode estar assim comprometido, devido ao “aumento da frequência de fenómenos meteorológicos extremos provocados pelas alterações climáticas”, que acelera a degradação do solo, e também em consequência da seca prolongada, como se verificou no ano passado, incluindo em Portugal.
A juntar a isto estão ainda fatores de condição socioeconómica, mais precisamente o “êxodo rural e abandono gradual das paisagens montanhosas". Explicam os cientistas que as novas gerações afastam-se da vinicultura por não quererem trabalhar sob condições extremas, sem que isso traga sequer grande retorno económico.
O mesmo artigo científico sugere que para se proteger estes vinhos é necessária uma melhor gestão da água e do solo e impulsionar a economia local das regiões montanhosas de modo a evitar o abandono das terras e da viticultura heróica.