Kim Kardashian é o “Homem do Ano” segundo a GQ. As opiniões naturalmente já são mais do que muitas e a discussão já vai acesa. Enquanto isso, a Versa cutuca o tema. E se acham que isto é só uma capa de revista, há muitas mais páginas para folhear.
Mas antes de nos aventurarmos por este assunto fora, tentemos deixar os pré-conceitos sobre Kim Kardashian de parte. Se por um lado sabemos que a sua fama gratuita funcionou como trevo da sorte no decorrer da sua carreira, tendo impulsionado as suas conquistas enquanto empresária, também lhe reconhecemos crédito pelo talento e trabalho dedicado ao império que continua a construir.
Ainda assim… “homem do ano” faz alguma comichão. Numa primeira e impulsiva análise, soa a femismo. Mas depressa percebemos que outros dois homens mereceram a distinção, nomeadamente Travis Scott e Jacob Elordi. E depois segue-se a pergunta que não quer calar “e porquê uma Kardashian?” Bom, o lado empresarial de Kim é conhecido e acaba de lançar a sua primeira linha de moda masculina na SKIMS, além disso, certamente não será a mulher mais especial de sempre para se estrear nesta categoria como muitos pensam, uma vez que precede a outros Homens do Ano, como Mila Kunis (2011); Rihanna (2012), Shailene Woodley (2014); Gal Gadot (2017); Serena Williams (2018); Jennifer Lopez (2019); ou Megan Thee Stallion (2020).
Ainda assim… Porquê Kim? Não há homem melhor? Claro que podíamos propor outros nomes que nos parecessem mais relevantes para este título aparentemente estratégico, dado o posicionamento de Kim no mercado da moda e dos cosméticos. Mas gostos não se discutem e não há uma equação matemática para a entrega deste título.
Posto tudo isto, encerramos a defesa às críticas imediatas (com todas as reticências possíveis). E eis que vemos as imagens e a comichão volta.
Preferem a "mulher do ano" numa imagem claramente sexualizada a lamber os dedos de um pacote de Cheetos? Ou preferem a “mulher do ano” de fato e gravata e com os longos cabelos escondidos, como se fosse preciso investir numa figura corporativa obviamente masculina para ter sucesso no mundo empresarial?
A ideia de igualar géneros na aquisição deste "prémio" vai aqui por água abaixo. Uma mulher pode ser o homem do ano, mas só se preencher os requisitos óbvios de um universo corporativo já tão masculino onde esse tal poder significa ser-se “mais homem”?
Enfim. Talvez esta seja apenas uma análise sobrevalorizada e Kim seja só a mulher sexy, que é, e de gravata, sem qualquer outra interpretação feminista.
Ainda assim… do outro lado do cliché…
E se fosse um homem de minissaia, numa figura frágil e enfraquecida, num look cor-de-rosa, anunciado como “Mulher do Ano"?
Esqueçam, ninguém se atrevia.