Antes de propor um debate ou reflexão sobre o tema, agradeço que me deixem longe do campo de batalha. Sou mais uma com opinião e com outras tantas questões que procurei resolver.
"Queria uma Coca-Cola" – "Só temos Pepsi, serve?" – é o que muitas vezes ouvimos quando chegamos a um restaurante. Muitos são aqueles que até se regozijam com a Pepsi e, simplesmente, pediram uma Coca-Cola por ser o nome mais antigo associado ao refrigerante; outros tantos desistem tão rapidamente da escolha que, cabisbaixos, até preferem acompanhar a refeição com água.
E isto acontece em outros casos, como a flagrante disputa Sagres versus Super Bock. Antes mesmo de escrever este artigo, perguntámos aos nossos leitores o que preferiam, fui questionando amigos e pessoas com quem me cruzei nos últimos dias e, votos contados, a vantagem foi para a Coca-Cola e para a Super Bock. E eu tinha a certeza de que o sabor seria o único factor em cima da mesa, até deixar de a ter. Numa prova cega a que eu mesma me submeti – e é preciso referir que sou totalmente team Pepsi, tal como sou de Super Bock – descobri que não sabia distinguir entre as rivais, depois de um primeiro gole. Certo que o meu paladar não é de nenhum expert, mas como é que tinha tantas certezas da minha preferência quando, afinal, a pouco ou nada se resumia.
Dito isto, é importante termos em conta que os ingredientes de cada produto diferem e claro que ditam sabores distintos. Em estudos realizados e olhando para os dados nutricionais, já sabemos que a Pepsi contém ligeiramente mais açúcar, calorias e cafeína do que a Coca-Cola, tendo um sabor mais cítrico, enquanto a segunda contém mais sódio e tem um travo a baunilha, dizem os entendidos, como o jornalista Malcolm Gladwell que se baseia nesta explicação e esclarece a minha questão: apesar de a Coca-Cola ser mais popular, a Pepsi costuma ganhar em testes de sabor. Então será que a longa história da Coca-Cola, bem como a estratégia de marketing que nos chegou a vender o Pai Natal, uma influência quase que inconsciente na nossa escolha?
Ainda sobre sabores: a Super Bock é mais encorpada e a Sagres mais leve e o que muitos fãs de Super Bock dizem é que esta última é “menos amarga”, tal como eu o digo. Mas a verdade é que a escolha também dita uma região do país ou uma filiação à marca. Já que a norte do país a Super Bock parece ter maior expressão e no sul a tendência é ligeiramente diferente, ainda que mesmo assim conquiste muitos adeptos. Será que por ser o Porto a região de produção da cerveja, bem como o rótulo original a fomentar este carácter regional, o motivo de filiação? Além disso é importante sabermos que, como em tudo o que são marcas, existe um lifestyle e uma experiência associados e, a título de exemplo, temos uma Super Bock lançada em força nos festivais de música.
Até que ponto o sabor não é apenas um factor adicional e o comportamento da marca é que dita as nossas preferências?