Quem passa na ala norte da rua Castilho, em Lisboa, tende a espreitar para dentro das janelas envidraçadas nas galerias do Ritz e percebe que algo de misterioso se passa lá dentro. Mas basta ver as letras Kabuki afixadas na fachada para ficar mais familiarizado com o restaurante de conceito japonês, que tem vindo a ganhar fama desde que abriu portas em novembro de 2021. Ainda assim, continua com tanto por descodificar.
A Versa não resistiu e quis perceber não só o que acontece na cozinha do Kabuki Lisboa, restaurante que foi trazido para Portugal por um grupo espanhol, como o que leva este espaço a receber a primeira estrela Michelin poucos meses após a sua abertura, em novembro de 2021.
Terão sido os produtos, as técnicas, as combinações da gastronomia japonesa com a mediterrânica ou tudo isto junto? A resposta chegou-nos à boca e é precisamente de boca em boca que vamos passar o segredo do sucesso do Kabuki.
Duas palavras e uma colher: ovos rotos
A expressão japonesa “kabuki” diz respeito a uma forma tradicional de teatro japonês e é talvez por isso que dá nome ao restaurante, no qual uma espécie de teatro acontece no piso inferior.
No palco está o chef Sebastião Coutinho, à frente da cozinha do Kabuki Lisboa praticamente desde o início, assim como a equipa de cozinheiros, que sob luzes intensas preparam no momento os pratos de cada mesa.
Na plateia, os clientes, sob luzes serenas e à espera do primeiro momento do menu de degustação (€100 por pessoa): a Bento box, dividida em seis compartimentos com aperitivos, desde o mexilhão com molho holandês ao simples mas delicado croquete de atum.
De palato satisfeito, mas ainda curioso, seguem-se pratos quentes e frios, confecionados com uma grande diversidade de peixes. Está incluído o salmão, porque, dizem-nos, há quem não dispense o peixe mais famoso do sushi, mas também são explorados o pargo e o sarrajão no sashimi, assim como o lírio dos Açores e até a subestimada cavala, curada em vinagre de arroz e colocada no topo de um nigiri.
O produto é de facto um dos fatores que eleva a qualidade do Kabuki, mas foram principalmente as combinações que nos surpreenderam.
Se, por um lado, a gastronomia portuguesa aparece, por exemplo, no Usuzukuri, um prato fora do menu de degustação e fora da caixa, que junta peixe branco, ameijoas e molho “à bulhão pato” (€26), por outro, a influência espanhola está inevitavelmente presente numa espécie de ovos rotos no prato denominado Sake estrelado (€30), que fizemos durar até lamentar o seu fim.
Consiste numa taça que tem na base batata frita, depois ovo estrelado e por fim salmão picante. Após tudo misturado, come-se então à colher o prato que vale muitas estrelas e, sem dúvida, o astro maior da gastronomia: a Michelin.
A próxima peça em cartaz neste espetáculo
A pergunta é inevitável e fizemo-la na visita ao Kabuki: vem aí uma segunda estrela Michelin? A resposta é, claro, incerta, mas o trabalho é feito nesse sentido todos os dias, incluindo ao almoço (algo pouco comum num Michelin).
Nessa refeição, o Kabubi oferece um menu executivo composto por três momentos, que custa desde €40 por pessoa (com bebidas não alcoólicas e café incluídos), preço convidativo para experimentar iguarias estreladas.
Mas o menu executivo já não é novidade, por isso, passemos então a elas.
Para 2024 estão a ser preparados alguns eventos, como é o caso de jantares a quatro mãos com chefs portugueses estrelados e workshops variados. Já no que toca ao espaço, brevemente surgirão novidades nos menus do restaurante e do bar.
Antes que chegue uma nova carta ao Kabuki, podes provar os ovos rotos e restantes pratos ao almoço (de terça a sexta-feira, das 12h30 às 15h) e ao jantar (de terça a sexta-feira, das 19h30 às 00h).
As reservas de mesa podem ser feitas online ou por telefone (+351 935 010 535) e também podes encomendar para casa.