SACCHARUM: um nome difícil de decorar à primeira, de escrever à primeira, mas que se entende à primeira. Pelo menos para mim, e nesta que foi também a minha primeira visita ao hotel. Vem do latim e diz-nos que tudo, ou quase tudo, no Saccharum Hedonist Design Resort Savoy Signature se inspira na cana-de-açúcar, um produto que chegou à ilha no século XV e se tornou um símbolo da cultura e do património da Madeira. Uma história com espaço na Galeria de Arte 1425, no próprio hotel.
A sugestão está feita e sugestionada só me ocorre que, de facto, tudo é doce nesta experiência. E o doce aqui surge nas doses certas de hospitalidade, de conforto e de tranquilidade. Começo pelo lugar. Incrustado nas escarpas da Calheta e num abraço declarado ao Atlântico que temos no horizonte, o Saccharum foi construído onde existiu uma fábrica de transformação de cana-de-açúcar. E é sempre neste encontro, entre o passado e o luxo contemporâneo, que o Saccharum constrói a sua narrativa e se vivem os dias neste resort exclusivo e sustentável do Grupo Savoy.
A cana-de-açúcar e a tradição local da sua transformação em açúcar e aguardente, foram também uma inspiração para o projeto de design de interiores, assinado pela designer de interiores Nini Andrade Silva e pelo atelier RH+ ARQUITECTOS. Traduziram-nas em detalhes industriais que vamos encontrando pelos diferentes espaços - há tubos e alambiques; na tapeçaria com padrões similares aos pisos fabris; na piscina de cor cobre que lembra um tanque de mel; ou na paleta escolhida para a decoração entre o verde, o terra, a ferrugem e o cobre.
Os dias são naturalmente doces, daqueles que nos sabem pela vida. A começar na Ocean Suite onde passo as duas noites, com uma varanda virada para o mar e toda uma visão sofisticada e de linhas contemporâneas, com a cana-de-açúcar sempre a lembrar-nos que estamos no Saccaharum. O som do Atlântico embala-nos durante a noite. Depois da escolha no Menu de Almofada feita, da essência colocada na almofada antes de dormir e usar o creme para recuperar as pernas e os pés após a tarde na Levada do Alecrim. Doces detalhes, que nos esperam no quarto.
Doce é pouco. Há um mundo de sabores no Saccharum
A minha chegada acontece à hora de almoço e a proposta é o Restaurante Trapiche. Para os mais curiosos, duas curiosidades: Trapiche é o nome de um engenho para moer cana-de-açúcar, mas na Madeira também é comum usar-se para designar um hospital psiquiátrico. Situado no 8º piso, com vista para o mar, é o lugar perfeito para petiscar após um mergulho na piscina infinita e experimentar o novo menu com pratos de peixe e marisco, saladas e sanduíches, mas também com pizzas e carnes.
À noite, a escolha é o Restaurante Engenho, também aqui a inspiração da antiga fábrica, e com buffets diversificados assinados pelo chef Raúl Ferreira. Os temas gastronómicos variam todos os dias, mas as quartas-feiras são dedicadas à Madeira.
Mas há mais um dia pela frente, e mais dois espaços para descobrir os sabores do Saccharum. O almoço é no Calhau Beach Club, em frente ao mar na Praia da Calheta. Um ambiente descontraído, com uma decoração de inspiração boho e uma carta onde se cruzam culturas tão distintas como a América Latina, Sudoeste Asiático e África Austral.
E a fechar a experiência gastronómica o Restaurante Alambique. Tal como acontece com muitos dos elementos no Saccharum, o nome é alusivo a um aparelho utilizado para destilações, neste caso, para a produção de aguardente de cana-de-açúcar. Elegante, de decoração sóbria e com vista para o oceano, no Alambique é possível mergulhar na verdadeira gastronomia da Madeira a partir de ingredientes locais e de práticas sustentáveis.
A carta acabada de estrear, divide-se em: três menus de degustação – “Terra e Mar em 5 Momentos”, “A Madeira em 7 Momentos” e “Vegetariano em 7 Momentos” – e opções à la carte. E claro, há lapas, gamba vermelha, atum, espada, gaiado, espetada, banana, maracujá e o tradicional bolo de mel.
Deixo o melhor para o fim e é High Above the Clouds
Quando o despertador toca, por volta das 5h30 da manhã, a sensação não é das mais doces. Mas lá chegaremos… à parte doce. A experiência High Above the Clouds, leva-nos ainda de noite numa viagem de carro até ao Pico do Areeiro, um dos pontos mais altos da Ilha da Madeira. Estamos acima das nuvens. À nossa espera, uma mesa com um pequeno-almoço servido em plena natureza e à nossa frente, à hora marcada (há dias de sorte…) o nascer do sol. E a certeza de que doce é pouco para descrever o momento.
Se o dia começa assim, deve continuar nesta harmonia. E nada como a serenidade do Saccharum Spa. Com vários tratamentos holísticos, baseados na ancestral medicina tradicional Ayurveda, o spa é um convite ao relaxamento total com a Oliófora — marca portuguesa de óleos essenciais naturais prensados a frio e extraídos de forma sustentável. E havendo tempo, há também a sala de haloterapia (sal dos Himalaias), piscina interior aquecida, sauna, jacúzi, banho turco, duches sensoriais, fonte de gelo, sala de relaxamento e ginásio.
Eu disse que seria um texto doce…
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