As piadas sobre a inteligência de dois irmãos estar condicionada pela ordem de nascença é comum. O primogénito é o mais inteligente ou, na verdade, é ao contrário? Em 1927, o médico e psicólogo austríaco Alfred Adler teorizou que a ordem de nascimento numa família afetava de forma substancial a personalidade da criança, uma vez que os pais tratavam os filhos de formas diferentes consoante a sua idade.
E se se diz, na crença popular, que numa família o irmão mais velho é mais inteligente, responsável ou extrovertido; que o do meio é o mais moderado e que o mais novo é o mais complicado em termos de personalidade, o que diz a ciência?
Num estudo desenvolvido por Rodica Damian e Brent W. Roberts, da Universidade de Illinois, em 2015, nos Estados Unidos, que envolveu uma amostra de mais de 377 mil estudantes, conclui-se que apesar de haver uma diferença cognitiva entre irmãos, a ordem de nascimento não tem influência significativa no desenvolvimento intelectual de crianças da mesma família.
“A ordem de nascimento é uma das experiências humanas mais generalizadas, que se pensa determinar universalmente o grau de inteligência, simpatia, responsabilidade, sociabilidade, estabilidade emocional e abertura a novas experiências. O debate sobre os efeitos da ordem de nascimento na personalidade tem suscitado um interesse contínuo há mais de 100 anos, tanto por parte do público em geral como dos cientistas. E, no entanto, apesar de um fluxo consistente de investigação, os resultados permanecem inconclusivos e controversos. No último ano, surgiram dois documentos definitivos que demonstram que a ordem de nascimento tem pouco ou nenhum efeito substancial na personalidade”, pode ler-se no abstrato do estudo Settling the debate on birth order and personality.