FOMO é a sigla que se refere à expressão inglesa "fear of missing out", isto, é "medo de perder algo”. Usamos a expressão por vezes na brincadeira quando, por exemplo, nos arrependemos de recusar uma saída à noite, mas é uma questão séria que está a afetar a vida de muitas pessoas.
As redes sociais são o grande fio condutor dos sentimentos de FOMO, cujos sintomas podem passar por ansiedade e até culpa de não pertencer a uma comunidade que segue algum tipo de tendência, num espetro de áreas que vai da alimentação ao tema que aqui trazemos: a beleza.
Glass skin, Clean Girl, Tomato Girl, Beachcore, Russian Lips e até o Quiet Luxury são algumas das tendências de beleza que ficaram virais, principalmente no TikTok, ao longo do ano passado e, assim como outras, estão a espoletar FOMO em vários seguidores desta rede social. Resta saber porquê.
O que leva ao FOMO?
“Quando há uma nova tendência, não só surge uma oportunidade de criar sensação de pertença, como existe uma recompensa neuroquímica ao obter a apreciação de membros dessa comunidade por reproduzir com sucesso a tendência. A validação de terceiros reforça a participação nas tendências e contribui para o ciclo de viralidade que vemos hoje nas redes sociais", explica a psicóloga Taryn Thrasher da Universidade Long Beach, na Califórnia, ao Dazed.
Está assim explicada a crescente ambição em ter uma pele com tez luminosa tal como mandam as práticas de beleza coroeanas, mais rosada como as tomato girl, entre elas celebridades como Hailey Bieber, ou uns lábios como os de Kim Kardashian. São apenas algumas das práticas de beleza divulgadas em meros vídeos, todavia, cada visualização pode contribuir para o bolo de problemas: falta de auto-aceitação, propagação de padrões de beleza e, por consequência, a tendência a sentir FOMO.
É, no fundo, uma tendência dentro de outras tendências que, mais do que com a pele do rosto, mexe com os sentimentos.
Uma balança nada equilibrada
A sigla FOMO tem uma conotação negativa e apesar de, como vimos, atualmente tender-se a sentir medo de perder algo, o FOMO pode ter um lado menos negro quando pensamos que incentiva a pertencer a algo.
E bem sabemos como as redes sociais causam esse sentimento de pertença e, por consequência, afastam a solidão, uma epidemia que está a crescer cada vez mais na Europa, em particular nos jovens, que relatam sentirem-se sozinhos e ansiosos, de acordo com um grande estudo de 2023 da Organização Mundial de Saúde (OMS).
O problema é que se, por um lado, o sentimento de pertença e o contacto constante com as redes sociais afasta a solidão, por outro, afasta-nos do mundo real, o eterno problema de quando o digital toma conta das nossas vidas.
Não há, assim, uma balança equilibrada no que a este assunto diz respeito, mas uma coisa é certa: seguir tendências faz parte do instinto humano, só temos de saber dosear quanto do mundo de beleza que anda no TikTok e Instagram é a medida certa para não sentir FOMO. É que se há algo a temer, é a tendência a trocar o que somos pelo vício do que queremos constantemente ser.