Café de São Bento | Fotografia: DR
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Café de São Bento: a Meca do bife lisboeta

Os 42 anos de vida deste restaurante são fonte inesgotável de histórias e de segredos bem guardados da classe política nacional. Agora foi remodelado e tem um novo dono.

A porta fechada, de frente para a Assembleia da República, pode parecer intimidante para os passantes. Mas assim que se toca à campainha do número 212 da Rua de São Bento, em Lisboa, encontramos o sorriso caloroso de quem faz da arte de bem receber a sua profissão. É neste rés-do-chão com toldos encarnados que há 42 anos se serve o “melhor bife de Lisboa”. Pelo menos é essa a frase que a sabedoria popular prontamente associa ao Café de São Bento, conhecido também por ser casa de políticos, de primeiros-ministros e de Presidentes da República que, nas suas mesas, decidem os destinos do país.

Há dois anos este restaurante histórico lisboeta mudou de mãos e Miguel Garcia, que tem uma carreira no setor da hotelaria (foi responsável de operações no grupo Tivoli e no imponente Copacabana Palace, no Rio de Janeiro), abraçou o desafio de tomar conta de um dos poucos estabelecimentos na cidade que continua a servir o esquecido bife à Marrare. 

Os empregados são os mesmos, tal como o chef, Manuel Fernandes, que confeciona com sabedoria o icónico bife à Café de São Bento há uns ininterruptos 37 anos. Das poucas mudanças implementadas pela chegada do novo proprietário, a remodelação do andar superior é a mais sonante. A hospitalidade, essa, é a de sempre, tal como os clientes habituais que continuam a acorrer a esta Meca do bife lisboeta sempre à procura do mesmo: da qualidade e da consistência que conferiram fama à casa.

“O Café de São Bento não é um sítio onde se vai por modas. É um restaurante que está presente há 42 anos e a minha missão aqui é, no fundo, perpetuar o seu legado. E fazer com que sejamos resistentes a tentativas de mudar a sua essência”, elucida. A remodelação do primeiro piso, com recurso aos mesmos materiais do andar térreo, permitiu “conferir o mesmo ambiente a todo o restaurante”: o veludo, o cabedal, a madeira e o latão são, portanto, os materiais que proliferam, conferindo-lhe um toque de nostalgia, que contrasta com a tendência dos restaurantes modernos da cidade.

A par dessa remodelação, foram também introduzidas pequenas mudanças na carta, como o tartare (€13), “que rapidamente se tornou a entrada mais famosa”, assegura Miguel Garcia; ou a inclusão de gelados Nanarella na carta, que “dão ênfase à boa vizinhança e ao sentimento de bairro” e de fatias do bolo de chocolate d’O Melhor Bolo de Chocolate.

A carta de vinhos, que antes era escassa, foi alargada, “sobretudo com vinhos portugueses, de Norte a Sul”, nota Miguel Garcia. Ainda no capítulo vínico, para comemorar os 42 anos de vida do Café de São Bento, foi lançado um vinho reserva de 2020 com 3.600 garrafas, produzido pelo Monte da Ravasqueira, de Arraiolos, “que tem tido uma boa aceitação”.

Outra novidade foi a criação de um menu executivo de almoço, disponível durante a semana, com direito a uma entrada, prato principal e sobremesa por €25, que torna a experiência mais em conta.

O bife à Café de São Bento continua o mesmo. Mas agora há a possibilidade de escolher entre duas porções: uma com 200g (€28,50) ou com 250g (€33).  A carne é do lombo, mas também se pode optar pelo corte da vazia. A receita do molho Marrare permanece inalterada, como dita a lei. E há ainda uma tarte mediterrânica (€18,50) que permite que comensais com dietas vegetarianas ou veganas também se possam sentar à mesa.

“Queremos garantir que temos os melhores fornecedores possíveis para nos garantirem a qualidade do produto que servimos”, sublinha Miguel Garcia, que em breve irá abrir um novo espaço em Lisboa, em tudo idêntico ao original.

Nos próximos dois anos, seguir-se-á um plano de expansão mais ambicioso, que passará pela abertura de uma casa na zona de Cascais ou do Estoril e no Porto. Mas, até lá, Miguel Garcia tem clara uma coisa: “os restaurantes tornam-se especiais quando se vive um clima de hospitalidade e é isso que praticamos aqui”.

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